ô ô.





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o cronômetro zerado. 
o coração abraçado.
o corpo afagado. 
o sorriso beijado.

azedume.




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me acostumei tanto a ser sozinha que às vezes eu não consigo entender a necessidade que algumas pessoas possuem por uma companhia. com o passar dos anos eu fui notando que existe uma classe de gente que de fato não nasceu pra ser sozinha, que precisa de alguém e se esquece de que precisar de alguém é a coisa mais patética do universo. porque precisar de alguém não te deixa escolha, você aceita a primeira companhia que aparece e nem se preocupa se isso te fará bem. o importante é não ser visto sentado sozinho numa poltrona de cinema ou então numa mesa de bar. a rotatividade é tão grande que os sentimentos são atropelados e jamais aproveitados. se remenda romances fracassados com relacionamentos fingidos. não se vive o luto, não se aproveita da própria companhia e muito menos há tempo para se descobrir. jogamos nos ombros alheios a incumbência de nos preencher de toda felicidade terrena, seja ela embalada com rótulos vermelhos ou noitadas viradas. a culpa nunca é nossa, foram os outros que não souberam aproveitar nossa maravilhosa companhia. queira alguém, mas jamais a torne uma necessidade, caso contrário você ficará sem liberdade.

apenas o fim.




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o fim de qualquer relação nunca é fácil por si própria e fica ainda pior quando alguém te traz a memória com alguma pergunta constrangedora. todos a sua volta querem um motivo plausível e aceitável pra tal rompimento, sendo que às vezes nem nós sabemos ao certo em qual momento a relação acabou e estava apenas cumprindo a carga horária. nunca haverá apenas um motivo pra separação, pode haver um que faça papel daquela gota d'água que faltava pro balde virar, mas se pararmos pra pensar iremos encontrar outras gotinhas que foram amargando nossa garganta ao longo do convívio. quando adolescente eu ficava a pensar em boas desculpas para apresentar a sociedade e justificar meus rompimentos com as pessoas. atualmente, sempre que me perguntam por certas pessoas eu digo apenas que elas estão vivendo a vida delas e eu a minha. não há raiva, mágoa, ódio, sede vingança e muito menos saudade. há fins que levam tudo, que lacram a porta quando surgem e que por descuido deixamos acontecer. 

a vida mim deixou órfã.




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há sete anos atrás meu pai entrava num relacionamento que viria a ser a nossa ruína. como filha eu não podia fazer nada além de observar o abismo ser cavado. a busca por uma felicidade a dois o tornou um homem cego e idiota. o fez abrir mão da convivência comigo e minhas outras duas irmãs. às vezes eu sinto uma saudade absurda dele, porque ele era um grande amigo - não aquela coisa clichê de meu pai, meu herói. meu relacionamento com ele durou apenas alguns maravilhosos anos e como tudo quié bom acaba de um jeito desgracento, com a gente não foi diferente. e como desgraça pouca é bobagem, atualmente eu vejo a história se repetir. agora a protagonista é a senhora minha mãe. que há quase dois anos entrou num relacionamento que vem sendo a nossa ruína. ela, assim como meu pai, não percebe que a busca por uma felicidade a dois pode ser mais danosa do que a própria solidão. minha mãe, que na época tanto condenou as atitudes de meu pai, hoje age de forma completamente igual, abrindo mão da convivência comigo, meus irmãos e minha sobrinha.
então eu chego aos vinte cinco anos de vida e praticamente órfã de pai e mãe vivos! como a vida brinca com nosso coração, né? eu sempre quis a felicidade conjugal de meus pais, mas sempre temi que o preço por ela fosse eu. ambos usam a mesma frase: não vou abrir mão da minha vida por você. por que diabos essa gente não pensou no mesmo antes de me deixar nascer? filhos são pra sempre - independente da idade -, mas meus pais talvez tenham se esquecido disso. afinal, todos queremos um amor do lado. mesmo que esse amor cause tanta dor a outros.

não é carnaval, mas a gente comemora.




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eu nem sabia como o twitter funfava direito e foi quando cê apareceu. há seis anos atrás, direto do nosso túnel do tempo. de lá pra cá eu já perdi as conta de quantas vezes tu sumiu e me largou na solidão - como tem feito desde o começo do ano. mas eu sô trouxa e sempre te aceito de volta, até quando eu não sei, talvez seja sempre assim.
mas esse texto num era pra ser fofo e comemorativo? e não tá sendo? (sorriso)
eu não sei como foi que tu me encontrou, mas seja como for saiba que sou agradecida. obrigada pelas assistências técnicas via mensagem. obrigada por compartilhar a conta do netflix. obrigada por ligar quando eu não respondo vossas mensagens. obrigada por viajar até Recife pra passar o final de semana comigo. obrigada por me iludir e dizer que sou fofa. 
teje avisado que ainda cultivo a doce ilusão de receber uma visita sua. ou será que vamos precisar de outra viagem para se encontrar? seja macho e dê um jeito nessa situação!

conservo afetos por vossa pessoa, sinhô Etiópia.

regra 32.



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quero te reencontrar. te abraçar por horas. cheirar seu cangote. acariciar suas orelhas. beijar suas bochechas. deitar no seu colo. caminhar de mãos dadas. assistir filmes. te apresentar músicas que tu já conhece. compartilhar jujubas. ganhar moedas e te comprar baús. ir ao cinema e sentar em lugares que não são nossos. repartir o último chiclete. sentar a beira mar e contar os navios. fazer carinho na sua nuca. debater sobre as novelas que não acompanhamos.  dançar sem música só por estar abraçada contigo. deixar você bagunçar meu cabelo (ou seria fazer cafuné?). te preparar o melhor café da cidade. ouvir você cantar a música da peppa. cutucar os ossos de sua costela. deixar você me ensinar a jogar xadrez. compartilhar uma pizza de beicon. sentar do seu lado só pra segurar sua mão. ouvir as batidas de seu coração. admirar o seu sorriso. tirar fota com você. tomar açaí e ficar gribada. sanar o desejo de comer batata. beijar o seu sorriso. te apresentar padarias novas. aproveitar todos itens da lista!

ato qualquer. {2}



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hoje o dia não amanheceu lindamente cinza, o céu se encontra no tom claro de azul e os passarinhos estão a cantar no quintal do vizinho. o sol amanheceu mais preguiçoso do que eu e espero que ele permaneça assim amém. 
todos temos preferência por algo, eu por exemplo: adoro as quartas e uma caneca de café com duas moedas de leite pela manhã. do mesmo jeito que por mim todos os dias seriam cinza, apesar deu saber que o sol também é importante e merece uma chance. 
o mundo seria mais interessante se todos andassem por aí de pijama. fosse de flor, de personagem de quadrinho, de bolinha e até sem estampa alguma. poderia ser calça, short, bermuda, regata, camisa ou camiseta. 
uma meia nos pés e o cobertor só fica incumbido de proteger azorelhas. um travesseiro pra cabeça, outro para o meio das pernas e um terceiro para os dias de carência aguda. 
cartas, bilhetes, post it, guardanapos e rascunhos todos rasbicados com lapiseira e uma letra caseira. nunca gostei de corretivo, por isso sempre usei adesivo. (sô rimeira meRmo, até quando não quero)
aleatoriamente tô me esvaziando, como uma pia entupida que aproveita as brechas para escorrer. 

início/meio/fim.




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eu minto.
ele mente.
nós não existimos.

eu quero.
ele quer.
nós fazemos.

eu fico.
ele vai.
nós nos separamos.