só, lá.



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tem dias que  gente acorda e parece que uma onda de fé e otimismo nos banha antes mesmo de sairmos da cama. aquela sensação delícia de que o dia vai ser bom, que mesmo o sol brilhando forte no céu ainda podemos acreditar na brisa que adentra pela janela. todo o peso da noite de insônia desaparece como mágica. os lábios esboçam sorriso sem motivo. parece que o nó que estava preso na garganta desceu e saiu junto com o mijo matinal. a vontade de chorar deu um salto e virou dança. tem dias que a gente acorda assim e reza para que assim seja nos outros dias também.

dividir o ócio.




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o grande dia chegou e olívia ficou feliz em saber que grande maioria tinha aceitado o seu convite. não era uma cerimônia usual, algumas pessoas foram até de preto e com flores nas mãos. algumas outras até pensaram que era uma pegadinha. e todos se enganaram!
olívia estava com um grande sorriso nos lábios e otávio também sorria amarelo pra todos os que chegavam. fizeram tudo como ela havia planejado. chamaram o juiz, encomendaram bolo e rolou até lembrancinha. 
ela usava o mesmo vestido que havia usado no primeiro encontro deles e ele estava com o terno usado no dia do casamento no cartório, sempre foi um homem formal.
chegou a hora dos des-votos e novamente ela emocionou a todos, mas o troféu da noite foi de otávio. ele que quase nunca aparecia, pois o brilho radiante dela sempre o deixou na sombra. algumas pessoas nem sabiam que ele tinha um lado divertido, pois estava sempre concentrado nas palavras que saíam da boca de sua amada. como ela mesma havia dito em seu des-votos: 'otávio foi um marido espetacular e é por isso que o coloco novamente na prateleira da vida, pois outra mulhere precisa ser amada e respeitada como eu fui durante esses doces treze anos. quero que o brilho dele invada outra alma, como fez comigo, pois todos acham que esse brilho que irradio é todo meu, mas confesso que é só um reflexo'. 
boquiabertos os convidados não sabiam se era permitido aplaudir após o brinde, então todos escolheram virar a taça e esperar a música começar a tocar.
chegou a hora de assinar os documentos e otávio surpreendeu a todos quando declarou: 'minha passarinha, agora que eu tô solteiro e você também, tu aceita sair comigo?'

respostas questionadas.



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quando você sabe que chegou a vida adulta? será que é quando você ganha o primeiro salário? mesmo que ele não dê conta de pagar metade de suas contas. será que é quando sua rotina já não inclui aquelas horas vagas pra assistir futilidades na tv? será que é quando você prefere juntar dinheiros ao invés de ir no boteco da esquina comprar baré e chips? será que é quando a sua dúvida é o vestido da festa e não o sabor do picolé? depende da idade ou da imaturidade? o que é ser um adulto? pagar contas e esperar a morte chegar? responsabilidade rimada com autoridade? será que adultos também sofrem dúvidas compulsivas assim? 

um dedo de prosa [67]




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Ela: quero minha casa!
Ele: quero nossa casa!
Ela: jura?
Ele: juradinho!
Ela: então bora ajeitar os papéis do casamento!
(risos)

ser ... tô.



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cresci ouvindo que apressado come cru, mas às vezes é melhor comer cru do que ficar com fome, né? vivemos esperando o tal momento certo aparecer e então fazer algo a respeito, pois há tempo pra tudo. o problema é que a gente nunca saberá quando é o tal momento certo se a gente não tentar. não existe um certo absoluto e dono de toda verdade, cada um enxerga como quer. já comi muita coisa crua nessa vida: relacionamentos, empregos, amizades e viagens. coisas que me apareceram e eu não perdi tempo pra aproveitar. algumas coisas eu deixei voltar ao forno do cotidiano, coloquei pra aquecer um pouco mais e vi se transformar num banquete que me alimenta até a data de hoje. já outros tantos me deram dor de barriga e eu precisei vomitar. claro que há arrependimentos e a certeza de que faria tudo novamente. as estações trocam de vestido, os sentimentos trocam as máscaras e eu continuo apressada. dizem por ai que primeiro a gente come com os olhos e depois abrimos a boca, mas cá entre nós quem nunca brincou de 'fecha ozói e abre a boca' ? às vezes o barato da coisa taí: deixar o paladar nos surpreender ao invés de sempre seguir a lógica do olhar-de-condenação, é.

ato cem e quinze.



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hoje, enquanto eu esperava o ônibus pra ir trabalhar, vi passar por mim a minha professora do pré. sim, a mulher que me ensinou o alfabeto, que me ajudou a montar sílabas e a conhecer os números. aquela que participou ativamente da minha base estudantil. que era a tia Wilma ou Wilminha para os íntimos. o que me doeu foi não ter intimidade ou coragem o suficiente pra pará-la e dizer: obrigada! porque hoje eu sei o quanto ela foi essencial na minha vida. 
às vezes a gente se encontra com o passado e ele faz os rins sorrirem ou então os pulmões chorarem. engraçado como a minha memória seletiva lembra tão bem daquela senhora que saiu da minha vida há mais de quinze anos e não se lembra bem de pessoas que eu convivi no ano passado.
e assim como a tia Wilma há outras tantas pessoas que foram essenciais na minha vida e nem sabem, porque sô do tipo mongol que esconde os afetos por medo de se afetar ...


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vou me mudar pra sápaulo, cuidar de seus filhos como se fossem meus e te cuidar com todo afeto que venho acumulando por ti dentro de mim. compartilhar contigo os dias de chuva e de calor. me inspirar e pirar com você. contemplar de perto esse sorriso encantador que tu possui. te fotografar de perto e de longe. me envolver no seu mundo e fazer parte do seu dia-a-dia. 
vou me mudar pra sápaulo e me bordar em você.

Hey Oh, Let's Go! [4]



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AI MEU DEUS, COMO O TEMPO PASSA RÁPIDO! (♪)

ano passado eu não vim aqui registrar sobre a gente, mas cá estou pra não deixar o erro se repetir! 
há quatro anos você entrou na minha vida pra não me deixar mais sozinha, pra me entender até mesmo quando eu não me entendia. sempre prestativa, sempre tentando ajudar, sempre alegre, sempre sendo uma das pessoas que eu mais me orgulho de ter como amiga. em dois mil e doce aconteceu o tão esperado encontro e foi muito muito bom, vira-e-mexe me pego olhando nossas fotas no parque e até aquelas feias que tiramos no seu quarto, lembra? parecia sonho. mais sonho ainda foi o nosso encontro do ano passado, quando eu voltei pra Brasólia pra ser madrinha e testemunha de seu casamento. poder participar da sua vida, mesmo que há quilômetros de distância é uma honra, visse? 
me orgulho tanto de você, da sua disposição com os jovens na igreja, de seu esforço pra ser uma excelente dona de casa/esposa/filha/amiga, de sua sinceridade com as palavras, dos seus conselhos e do seu sorriso.
louvo a Deus por mais uma vez atender aquela breve oração que eu fiz no 'Hey Oh, Let's Go!' e que Ele continue nos abençoando e nos unindo cada vez mais, mesmo que de longe. porque enquanto houver você do outro lado, aqui eu consigo me orientar.
sei que hoje não trocamos emails como no começo, que as mensagens são esporádicas, que o tempo tá mais corrido de apertado, entre tantas outras coisas, mas uma coisa é certa: meu afeto por você se mantém intacto! e eu vou procurar me fazer mais presente e já deixo aqui minha convocação pra você e o Maicon virem me visitar antes do ano acabar, anotado?
já vivemos tanta coisas, compartilhamos mais um monte e ainda sim estamos só no começo! *-*

te amo, minha amiga-irmã-camarada-comadre ♥




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o mundo tá prestes a trocar de roupa e com ele a minha vontade de ficar nua só aumenta. nunca tive paciência pra experimentar ou combinar roupa, vai o que tiver pela frente - desde que seja confortável. nem sempre o belo é confortável ou o feio que é cafona. minhas comparações sempre são ridículas e infantis, fazer o que, né? separei várias roupas das quais eu não fazia uso há algum tempo, eu as guardava com a esperança de aparecer uma oportunidade pra usá-las e quedê que apareceu? do mesmo modo eu abri mão de alguns sentimentos dos quais já não usufruía há anos e o problema é que às vezes aparecem oportunidades de usá-los e eu as deixo passar. não sei ser a pessoa amável que quero encontrar no coletivo. jogo coisas importantes fora e juntos as tranqueiras no coração. totalmente sem noção ou seletividade. gosto de gente, do mesmo que prefiro me manter afastada delas. acho que é por isso que nunca propus nada aquele rapaz ou aceitei a oferta daquele outro. quero me apaixonar sem compromisso com a mesma intensidade que quero constituir uma família. mas o assunto não era mundos e roupas? é que de alguma forma tudo se junta e se mistura numa coisa só, sabe? sempre que fico sozinha eu danço com a minha solidão, pois ela nunca pisa no meu pé e sempre acompanha meu ritmo descompassado. de volta ao assunto, ninguém pode ficar nu por ai, pois tudo que sai dos padrões fodidos da nossa amada sociedade não é aceitável. as pessoas tomam conta da nossa vida, relembram nosso passado e querem prever nosso futuro como se a verdade absoluta estivesse em suas frágeis mãos, tomar no cu! e eu queria passar o ano sem pronunciar nenhum palavrão ...