ela conta e age.




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estou há uma semana de iniciar um novo ciclo: a era dos 34 anos. 

durante alguns anos, no início da minha vida adulta, eu me questionava "como que cheguei nessa idade?"  "como eu tenho 23 anos e nenhuma estabilidade?". e parecia que a vida simplesmente tinha dado um salto no espaço-tempo, porque não era isso que a Fran de 11 anos idealizava. eu fui uma criança, adolescente e jovem adulta que acreditou em vários discursos, principalmente esse de que se você correr atrás você consegue. que é só trabalhar, deixar o lazer um pouco de lado, que você terá uma vida segura e próspera. ou então, é só você não atrasar e não sonegar o dízimo que Deus irá transbordar a sua horta. (EU NUNCA TIVE HORTA). ainda bem que o tempo passa e traz oportunidade de aprendizado para quem se permite aprender e foi isso que eu fiz: aprendi e entendi que todos esses discursos, para além de falsos, são perversos e professados por quem nada vale. 

hoje, no fim dos meus trinta-e-três anos, eu consigo mensurar todos os anos que já se foram e me ajudaram a chegar aqui. percebi que estabilidade tem mais a ver com não desistir do que com a constância. se eu já desisti? claro, incontáveis vezes! mas do que realmente importa, sigo persistindo (um dia de cada vez).

sei que iniciei esse ano com o objetivo de postar mais e isso é um pouco chato, mas nem sempre se dá para publicar nossos sentimentos.

a idade de Cristo me trouxe muitos aprendizados e o principal dele foi: tudo bem, amanhã a gente tenta novamente. e caso não haja amanhã, o possível foi feito hoje. 

nota: ré.

 



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e cá estou, colocando em prática uma resolução de ano de novo: voltar a transcrever meus sentimentos e soltar minha imaginação.

em algum momento do passado eu achei que tinha perdido o jeito com as palavras, talvez por me encontrar cercada por pessoas que escrevem muito bem e deixar que a comparação levasse embora algo que sempre me foi necessário: escrever. 

eu comecei o meu blog como um diário, quem tá aqui desde o início sabe bem do que estou falando. com o passar do tempo eu fui percebendo que dava pra transformar a realidade (paralela) em crônicas, diálogos, contos e teorias. por meses, quem esteve a frente dessas publicações era a Maria Elis (suspiros de saudades). não que eu tivesse vergonha das minhas publicações, mas parecia ser mais leve ser outra pessoa na hora de escrever, acho que as coisas saíam de um jeito mais sincero. quando o má-gramática surgiu, resolvi que iria deixar Maria descansar e assumir as rédeas que eu mesma havia criado.

se eu deixasse pra voltar somente quando tivesse um conto pronto isso não iria acontecer, é preciso voltar como tá. com linhas desordenadas e conjugações inventadas. tem coisa que não muda: como minha resistência com as letras maiúsculas e sempre começa com um ponto.



ato libertário.

 


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dizem que o fim dói, que o buraco que se abre em nossa alma jamais fechará e que melhor seria reatar. dizem também que é melhor ser só do que tá mal acompanhado. 

há quem darei ouvidos?

há cada rompimento fica mais complicado de acreditar que ainda podemos confiar, principalmente quando o rompimento se dá por  um abandono inusitado - ou talvez eu não tenha me atentado aos sinais. me cobram um respeito e consideração ao mesmo tempo que tratam como se não me conhecessem.  questionam a minha maturidade enquanto se comportam como crianças mimadas. me acusam de ir embora sem motivos quando na verdade estou sendo convidada a me retirar. como lidar?

sigo em frente, abrindo mão de tudo que me prende embaixo de uma opressão disfarçada de cuidado. não há instituição que se coloque acima da vida, principalmente da minha. 

aquela dos 30.



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aos trinta eu:

  • fiz novas amizades;
  • findei com algumas amizades;
  • marquei a data do meu casamento;
  • chorei com os orçamentos que recebi;
  • chorei sem motivo aparente;
  • chorei de saudade;
  • chorei com seriados e filmes;
  • chorei de emoção e alegria;
  • já disse que chorei?
  • voltei a fazer terapia;
  • comecei um tratamento com antidepressivos;
  • fechei com fornecedores que me ajudarão a ter o casamento dos sonhos;
  • aprendi coisas novas sobre meus amigos;
  • fiz um isolamento social porque o mundo foi acometido por uma pandemia;
  • cansei de assistir lives;
  • ouvi repetidamente alguns álbuns;
  • comprei muitos livros;
  • li 24 livros (até a data dessa postagem);
  • iniciei uma especialização;
  • me apaixonei ainda mais pelo Eric;
  • saí pra jantar com algumas amigas;
  • compartilhei as dores e alegrias da vida com pessoas gloriosas;
  • montei um 'bride squad' que aquece meu coração diariamente;
  • lecionei aulas de matemática por vídeo chamada e presencialmente;
  • comprei as primeiras coisas do nosso futuro lar;
  • comprei jogos de tabuleiro;
  • ganhei um celular novo;
  • ganhei um super Nintendo;
  • ganhei afeto e ombro pra chorar;
  • comecei a fazer skin care;
  • comprei minhas primeiras maquiagens;
  • fiz minha primeira compra no site da China;
  • aprendi a fazer vela aromática e ponto cruz;
  • cortei as unhas pra tocar ukulele;
  • experimentei os milagres do casamento;
  • comemorei novas conquistas dos amigos;
  • orei pela cura e renovação dos meus amados;
  • eu percebi que a vida ainda tem muito pra ser vivida;
  • compartilhei o momento de devocional durante o café da manhã;
  • fiz chamadas de vídeo que alimentaram a minha alma;
  • recebi abraços que me trouxeram cura;
  • vivenciei o cuidado e amor de Deus diariamente.

o silêncio das estrelas.


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eu olho para esse feed e me pergunto onde foi que as coisas desandaram, mas acho que seria válido perguntar quando é que isso foi acontecendo. onde será que estava a minha mente e os meus olhos? talvez as demasiadas preocupações com o por vir me impediram de cuidar do que já tinha vindo.

sei que as pessoas vão fazer o mesmo questionamento, porém não quero me desgastar respondendo ninguém além da minha alma. ainda estou no processo de aceitar os fatos, de juntar os cacos.

assumir o fim não é cancelar o começo. 

houve um tempo em que acreditamos e trabalhamos para que durasse até o último fôlego de vida; que o brilho dos olhos transparecia todo afeto que corria por nossas veias; onde a esperança nocauteava o receio do desconhecido e que não havia discussão sem uma verdadeira reconciliação.

escrevemos uma bela história e agora estamos devolvendo o livro, as páginas em branco logo em breve serão amareladas pelo tempo e o que sobrará serão apenas memórias com aprendizado.


codinome sem flor.



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os dias são de saudade, conspirando a favor da nostalgia que preenche todo o nosso interior. são dias que lixam tanto o nosso ser que ficamos completamente sensíveis e à flor da pele. não é possível conter as lágrimas que caem - mesmo quando não encontramos uma razão plausível para elas -, pois elas possuem um fluxo que é conduzido pela solidão de tais dias. qualquer coisa é muito, menos o otimismo. esse tá tão fraco que sua extinção já alcançou alguns de nós. parece que os dias estão sugando nossas energias e palavras, porque o sentimento que nos consome é sem nome.

pré-cipício.



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dizem que tudo isso vai passar, 
mas quem tá passada sou eu.

um dedo de prosa. [77]



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Ela: eu amo você, sabia?
Ela: sabia. eu também te amo.
Ela: muito?
Ela: sim!
Ela: muito quanto?
Ela: uns 100%

inês, parada.



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a gente demorou trinta e seis dias para se encontrar pela primeira vez. porque é preciso um tempo hábil para stalkear a pessoa com quem estamos conversando. mais alguns dias e o primeiro beijo também estava liberado. 
parecia os jogos que tenho no celular, em que é preciso uma vivência para desbloquear novos níveis. foram quase 4 meses até alcançar um nível de compromisso chamado: namoro. 38 meses + uma semana + 2 dias depois estamos na etapa: noivado. ao olhar alheio essa etapa precisa durar somente alguns meses, por mera formalidade. porém, estávamos sem pressa. queríamos planejar minunciosamente os ajustes, principalmente na nossa mente. 
um atalho não previsto apareceu e a gente se viu compartilhando o mesmo teto e a mesma cama. repartindo os serviços domésticos e testando várias receitas. ainda estamos num fase beta, com direito a vários bugs e premiações extras. e a cada circuito realizado, tenho certeza de que encontrei o companheiro certo.

alô, teste.



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ei, como foi?
conseguiu realizar as coisas? 
foi no cinema?
quantos livros te levaram para viajar?
concluiu os estudos?
tentou quantas vezes antes de desistir?
bateu desânimo? 
aproveitou as oportunidades para chorar?
compartilhou seus sentimentos? 
alguma enfermidade física ou sentimental? 
tem conversado com Deus?
maratonou alguma novidade?
deu pra manter o diário em dia?
agradeceu?

<volte em doze meses>

ato mil dezenove.




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chegamos mais uma vez ao fim, 
mesmo sem saber o que será de mim.

porém, a vida é assim,
ainda bem que toda dor se calará enfim.



daquela conversa. /7



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'obrigada por vir' 'parecia urgente' 'sempre é, mesmo não sendo' 'em que posso ajudar?' 'não quero ajuda' 'e quer o que?' 'falar' 'poderia ter sido por e-mail' 'não teria a mesma entonação' 'desde quando você se importa?' 'não me importo' 'e o que fazemos aqui?' 'estou tentando coisas novas' 'mas eu sou passado' 'quando poderei falar?' 'pensei que já tivesse começado' 'parece que sim' 'continue' 'desde que você se foi, as relações se tornaram volúveis' 'então, eu era a tampa do boeiro?' 'você era a estabilidade que eu gostava de ter' 'mas deixou de gostar' 'eu só deixei de precisar' 'mas quer de volta' 'sim, mas sem você' 'se torne uma peneira então' 'pra segurar o que for bom?' 'pra segurar o que quiser' 'como faço?' 'não sou seu protótipo'.

drink to that.



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isso mesmo, um brinde à você aí que:
conseguiu manter a sanidade mental ao chegar no manequim 42. deixou de se preocupar com o farol aceso e foi curtir a liberdade. parou de nojinho com o sangue da menstruação. não deixa de usar roupa de alça porque a depilação não tá em dia. continua a defender que serviço doméstico é algo compartilhado e não imposto. percebeu quão gracioso e poderoso é uma amizade feminina (provas? sincronização do ciclo menstrual). parou de julgar as roupas alheias e colocou as pernas pra jogo. quebrou o tabu que a limitava de conhecer o próprio corpo. aprendeu que seu temperamento não é baseado nos seus hormônios. aceitou que seu companheiro não é seu filho e logo a responsabilidade de educá-lo não é sua. passou a ser mais organizada com seus sentimentos. deixou de besteira e começou a meditar. mantém a tradição de ir ao cinema sozinha. pra que seja a cada dia uma mulher melhor. 

Pai nosso.




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não me deixes cair na tentação:
de endurecer o coração;
de não querer confiar nas pessoas;
de reclamar e nunca agradecer;
de me acostumar com os amargos da vida;
de permitir que as circunstâncias levem a graça de viver;
de não enxergar o bom nas pessoas;
de só destacar os defeitos alheios;
de não conseguir se perdoar;
de esquecer seus mandamentos;
de limitar as alegrias;
de me auto-sabotar nas relações.

pois teu é o Reino, o Poder e a Glória pra sempre,
amém.

bate forte o tambor.



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ao final de cada dia olhamos pro céu a procura de uma nuvem. queremos amenizar as ardências da pele e da alma. fazemos dança e usamos tambores, na ilusão de que o convite foi bem feito. ansiamos por um vento fresco, que nenhum eletrodoméstico pode reproduzir. não queremos só adivinhar formas, queremos que as nuvens alterem sua coloração e façam milagre em forma de gotas. deixamos de lado a preocupação com a roupa do varal ou com a ameaça de virose. queremos molhar nossa carne, rasgar o peito até o coração ser lavado. nos deixamos entorpecer com o cheiro de terra molhada, que nos remete as purificações anteriores. 

um dedo de prosa. [76]



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ele: não quero ir.
ela: é só ficar.
ele: não quero ficar.
ela: entendi.
ele: entedeu o que?
ela: que quem vai sou eu.

cool out.



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ei, você. pense aí nos relacionamentos que tu tinha no passado e hoje não existem mais. pensou? qual foi a sua sensação? ficou triste? ficou agradecido? nem conseguiu lembrar? pois é, o fim às vezes é triste e traz sempre vários aprendizados.
eu acredito muito no fim das relações e que é algo tão natural de acontecer, que não há motivos pra lamentações ou remorsos. 
sim, também sou do lema "antes só do que mal acompanhado" e eu não falo só de namorado/a. uma amizade pode ser tão abusiva quanto qualquer caso de "amor" e a única sensação que você pode se permitir é a de liberdade. você que ficou triste por não ter mais aquela amizade, pense agora se ela não estava reprimindo ao invés de construindo contigo. a gente se acomoda tão fácil nas relações, que os gritos e agressões se tornam "normais".
ah, mas nem todo fim é resultado de um barraco esplendoroso, a maioria vem no silêncio e com leve doses de distância com indiferença. e sim, vou te dizer que tá tudo bem! não, num tô dizendo que tu tem que cagar para seus relacionamentos, só que se ele acabar é porque fazia parte do roteiro.
sinto saudade de uma pá de gente, mas não é saudade pra querer de volta e sim saudade que diz que foi bom e acabou.
faz o teste aí, se liberte dos ressentimentos e deixe o coração livre pra encontrar outros aquecimentos.

página 042.



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te olho e o único pensamento que tenho é: obrigada, Deus!
te olho e o único pensamento que tenho é: NUM GUENTO MAIS, JESUS!
te olho e vejo todo meu futuro ao seu lado.
te olho e vejo o fim logo ali.
te olho e desejo que você seja sempre feliz.
te olho e desejo que encontre alguém pra te irritar eternamente.
te olho e minha única vontade é te beijar pra sempre.
te olho e minha única vontade é de bater a porta na sua cara.
te olho e me surpreendo com tamanha sagacidade.
te olho e me surpreendo com tamanha sonseira.
te olho e quero morar no seu abraço.
te olho e quero suas mãos longe de mim.
te olho e a emoção transborda por meus olhos.
te olho e a raiva transborda por meus olhos.
te olho e quero te olhar com todos os olhares dia após dia.

quinze de outubro.




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foi na negação
que houve reencontro
para descoberta.

durante minha fuga
optei pelo regresso
da persistência.

mesmo sem muito conhecimento
fui pela trilha dos instintos
encontrar investimento.

ainda há dores
ainda há lutas
ainda há professores
para me ajudar na conduta.

ói-gar-ão-ura.




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se relacionar dói.
os atritos nos destrói.
e não é sobre ser herói.

se relacionar é se entregar.
não deixar amargar.
mesmo quando parece estragar.

se relacionar envolve perdão.
é escolher estender a mão.
mesmo o ego dizendo que não.

se relacionar vai além da leitura.
ultrapassa as palavras duras.
transforma qualquer criatura.