frase. / vinte quatro.



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# se há gosto, foi-se com agosto. 

por fim.



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receber um 'não' é menos doloroso do que receber um 'não sei'. a dúvida vai nos matando aos poucos, vai correndo o otimismo através de pequenas e dolorosas mordidas, te deixa sem saber se vai ou se fica e pior: te faz pensar em dar meia volta e mudar a direção. 
colocar um ponto final em qualquer relacionamento é menos cruel do que pedir um tempo. se a dúvida já chegou a boca é porque o coração já perdeu toda a certeza. você não sabe se aquela pessoa ainda é sua ou se você tá no direito de procurar por outra que lhe queira. 
o meio termo não é lugar de ficar e nem de colocar outro em seu lugar. muros foram feitos para serem pulados, porque ninguém é obrigado a ficar no lado que já não lhe causa mais prazer. 
cortar o mal pela raiz é mais misericordioso do que arrancar somente uma galha ou uma flor. porque se terá certeza de que ali não brotará mais nada, logo estamos livres para cultivarmos outra flor ou fruto.
enfim, é hora de evitar o fim.

um dedo de prosa. [71]




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ela: ~toc toc~
ele: só entrar entrar!
ela: a casa não é minha.
ele: mas pode ser nossa!

sentimental.




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atualmente, o amor da minha vida tem nome composto e reside no nordeste. é daquele tipo de amor que é maior que as regalias que a vida de solteiro proporciona. eu só não sei se ele é pra agora ou para um futuro qualquer. há quem diga que seria melhor desapegar, outros que dizem que devo fugir pra lá e a minha razão que me diz que há tempo para todas as coisas. 
eu sempre desejei casar e compartilhar minhas viagens/filmes/seriados/último-chocolate com alguém, mas com o passar dos anos eu percebi que fazer isso sozinha era mais fácil e prático. gosto da minha solidão, de dormir fora e de conhecer abraços diferentes - claro que nenhum substitui aquele que só recebo quando chego em recife.
tou contando os dias para minhas próximas viagens, que estão com datas marcadas, passagens compradas e pessoas marcadas. claro que eu queria ele do meu lado, mas isso não me abate. relacionamentos nunca foram minha prioridade e acho que nunca serão, o que não quer dizer que qualquer dia eu largue tudo e fuja para os braços daquele que irá me acompanhar em tudo, desde compras no mercado até o desbravamento dos países orientais.
juro que não tenho pressa disso acontecer, pois não quero e nem nunca quis depositar minha felicidade em um único coração.
nada aqui é exato, nada em mim é pra sempre e o amanhã a Deus pertence!

sobre aquela ausência.



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no ano de dois mil meu presente de dia das crianças chegou com um mês de antecedência, tinha um metro e setenta, barriga saliente e pisava no estilo raso-fundo. nosso primeiro abraço rolou num laboratório no centro da capital e eu não consigo lembrar quando foi o último. 
eu estava vivendo os últimos suspiros da infância e ele teve uma participação mais do que essencial na minha vida. na companhia dele eu podia ser a menina que o povo conhecia na rua, que tinha a boca mais suja que os moleques e que sabia cantar quase todas as músicas que tocavam na rádio - ele achava isso um máximo e nunca perdia a oportunidade de contar para os amigos. 
ele foi confidente de minhas brigas escolares, das minhas paixões pelos rapazes mais velhos - que um tempo depois se tornaria por rapazes mais novos -, dos meus questionamentos a respeito de tatuagem e piercings, das minhas teorias sobre como a vida deveria funcionar, dos meus medos, dos meus sonhos e das minhas experiências com o álcool. eu não tinha nenhum medo de contar qualquer coisa pra ele, porque ele esperava eu terminar de falar antes de me condenar e dizia que fazia parte da idade. 
gostava de andar no banco do carona e olhar pro velocímetro do carro e notar que o ponteiro estava chegando a marca do 120 km/h.  acho que essa é a minha maior saudade. (snif)
desde dois mil e nove eu digo para as pessoas que não tenho pai, mas não é porque ele morreu - antes fosse. porque a morte é mais fácil de conviver do que a indiferença ou o abandono. mas durante nove anos eu tive um pai que foi o melhor amigo que eu já tive, que me conhecia melhor que a minha avó, que sabia me agradar como se fosse a coisa mais fácil do mundo e que tinha o melhor colo do mundo. 
domingo eu fui obrigada a ler várias declarações de afeto de filhos para seus pais maravilhosos e me senti com nove anos, me senti sobrando nessa comemoração que alguns só enxergam como data comercial. 
nunca senti inveja de quem tem um pai foda, nunca quis ter um pai igual ao do fulano e nunca me deixei abater pela ausência do meu. vivi meus primeiros dez anos de vida sem e estou há cinco anos revivendo tudo de novo. hoje é mais difícil, mais penoso e chega causar estragos na minha alma, porque uma coisa é tu nunca ter tido algo e outra é tu vê indo embora por vontade própria.

nota mental. /3



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difícil não é encontrar alguém que lhe retribua amor na mesma medida que tu oferece. não vejo complicação nenhuma em tentar e conseguir conquistar um alguém. e não é raro de se encontrar belas histórias de amor porai. 
o caminho se estreita e se arrocha quando temos o coração sapateado, mas não deixamos de acreditar que da próxima vez vai ser diferente. difícil é não perder a fé no amor quando o que só encontramos pelo caminho é indiferença e ausência. complicado mesmo é oferecer o coração remendado pra alguém sem pensar que o remendo pode se partir a qualquer momento. raro mesmo é ter esperança de viver uma bela história de amor quando a vida só lhe conta história de terror.

frase. / vinte três.




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# no meu apreço, não há preço