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o casamento de Rita estava marcado para o vigésimo sétimo dia do mês de julho, uma data completamente aleatória e insignificante. Rita olhava para o calendário sem acreditar na velocidade com que aquela data se aproximava do presente.
o sonho de Rita era de se casar em outubro, num dia treze, numa quarta-feira e de preferência com o rapaz que ela conheceu aos catorze anos.
o noivo de Rita não era o tal rapaz, mas sim um homem que ela conheceu no ponto de ônibus. digo homem porque ele era mais velho, tudo bem que a diferença era de apenas dois anos, mas Rita possuía um jeito estranho de classificar as pessoas.
Rita acreditou que ele seria um bom marido quando o conheceu e percebeu que ele só se sentou no ponto pra observá-la. estavam juntos há longos sete meses quando ela ligou pra ele às três e treze da manhã e lhe propôs em casamento. como ele não era o rapaz de seus sonhos, ela abriu mão do casamento dos sonhos, incluindo a data e o local. não fez questão de convites formais, pegou pedaços de cartolinas coloridas e anotou a data/hora e fez o desenho do quintal de sua casa, onde ela iria abrir mão de metade dos seus sonhos para viver a realidade.
ela não estava triste, não lamentava os desencontros que a afastaram do tal rapaz e muito menos se arrependia da decisão que tomara na madrugada do dia treze de outubro. Rita sabia que seria feliz, que em breve se tornaria mãe e a rainha do lar.
mas ela sabia que nunca deixaria de ser apaixonada pelo tal rapaz de seus catorze anos. tinha certeza de que ele pra sempre seria o seu sonho de casamento e que tudo isso deveria ficar guardado dentro dela.