alheio.

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Passou tão rápido e ainda ficou restando coisa para fazer, era com essa sensação que ela encerrava os dias. Colocava a cabeça no colchão - porque travesseiro só servia para colocar entre as pernas - e ficava planejando o dia seguinte, mas logo se esquecia de tudo e entrava no mudo dos sonhos, porque não existia problema nenhum capaz de lhe roubar o sono - sono diferente da hora de comer era uma coisa sagrada.
Outro dia nascia, ela se levantava da cama, mas só acordava depois do almoço. Carregava um meio sorriso dentro do ônibus e pregava que dentro de coletivo não poderia existir reclamação. Coletivo, o nome já dizia tudo, mas ninguém enfiava isso na cabeça dela, porque sempre jogava as pernas no banco do lado e só tirava quando aquele assento se tornava único disponível. 
Sua vida era um rotina imprevisível. Fazia listas diárias e as rasgava antes mesmo do sol nascer, porque ainda existia pendência da lista anterior. 
Sonhava em ter uma vida em ordem, mas não conseguia nem manter a ordem dentro dos bolsos de seus jeans. 
Se justificava dizendo que tudo que fazia parecia ser prioritário no momento em que foi feito e ponto final.

6 comentários:

renatocinema disse...

Meio sorriso......mata, qualquer sentimento. Até o mais alegre.

Bird disse...

O___O
Era não ligava pra nada nem pra ninguém?

Marcelo R. Rezende disse...

Gostei, é tanta coisa pra fazer que a fazer fica tanta coisa.

Caroline disse...

Tão estranho ler algo que descreve um pouco - muito - da gente, mesmo eu estando acostumada.

Unknown disse...

Queria ser assim =x

Maria Midlej disse...

Lindão. :~