entre.



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Dizem que quando estamos de cara com a morte, toda a nossa vida passa diante de nossos olhos. Como se fosse um trailer de filme. Você tem a oportunidade de reviver todos os seus momentos em alguns segundos e toda essa estória que o povo gosta de inventar. Acontece que Augusta não estava diante de sua morte literal, ela estava na porta da igreja e a caminho do altar.  O barulho da porta sendo aberta fez com que esse momento acontece, semelhante ao estalo de um tiro certeiro que iria atingi-la em poucos minutos. Foi apenas uma piscadela e então ela viu toda sua vida passar, do primeiro dia na creche até o instante em que ela saiu desceu da carruagem. Todas as perguntas improváveis apareceram em sua mente, todas as incertezas, todos os SEs, todos os 'por ques' e até o próprio ponto de interrogação apareceu sozinho. Para alguns ela estava realmente caminhando para a morte. Então como se tudo aquilo tivesse  pulado direto para o momento paraíso, Augusta ouviu a voz de seu amado. Trazendo ela de volta a vida, a convidando para se aproximar mais, espalhando toda aquela nuvem de perguntas e acalmando o circo que rolava dentro de sua cabeça. Ela ergueu os olhos, o caminho que antes parecia ser sem fim e direcionado para o precipício se transformou num caminho curto e com destino a felicidade. Augusta suspendeu o vestido, jogou o buquê antes da hora e correu para os braços de seu amado. 


ato duzentos.



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após dois anos - na verdade foram vinte e um meses mas eu sou do tipo que arredonda as coisas e na grande maioria para mais - de afastamento, ontem eu voltei a sentir o gosto amargo que só o café forte tem. tô pra conhecer aroma melhor, isso sem comentar sobre o sabor. sabor que não dura só enquanto o líquido preto escorre garganta a dentro, o gosto te acompanha até você escovar os dentes ou então chupar uma bala qualquer. ontem foi como um primeiro encontro, como o primeiro beijo. aquele que a gente fica revivendo a todo instante nos pensamentos, tá ligado? agora tô aqui, diante de uma big caneca de café com leite em pó, brincando com as bolhas que o leite forma sobre o líquido cor-de-burro-quando-foge. de ontem em diante posso frequentar qualquer cafeteria sem ficar procurando por bebidas descafeinadas. posso novamente me jogar nos braços do capuccino com chantili, coisa que farei amanhã e depois e depois de novo e mais uma vez. sim, isso aqui é um relato de uma viciada que volta ao vício ... 


sumemô!



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Daí que quando se é criança você fica imaginando como seria legal viajar só com a sua amiga, sem a vigilância excessiva da sua mãe e os olhares fofoqueiros de seus irmãos. Você não tá nem aí para os perigos, na verdade você resolve pagar de Simba e diz: - eu rio na cara do perigo!. Comigo foi assim, eu já andava rindo da cara do perigo desde a minha primeira viagem sem a companhia de meus responsáveis. Só que ainda faltava algo, viajar sozinha não traz a mesma emoção de viajar com uma amiga. Porque quando se está sozinha com quem você vai comentar que o preço da água no aeroporto é um roubo? Pra quem você vai perguntar se na placa tá escrito Motel ou Hotel? Quem vai te emprestar dinheiro e pegar emprestado logo em seguida? Quem vai compartilhar o choro de uma criança irritante no avião com você? Quem vai ficar jogada no saguão da sala de embarque com você? Pra quem você vai reclamar de fome ou sono depois de passar 6 horas no aeroporto? Vai jogar Stop com quem enquanto espera a hora de embarcar? Dizem por aí que eu sou a rainha do atraso, mas dessa vez não fui eu quem fiquei presa no detector de metal. Dizem também que eu sou o significado da palavra preguiça, mas não foi eu quem fiquei reclamando por ter andado metade da Paulista. Entre uma reclamação e outra, entre um sanduíche e outro, entre uma risada e outra, entre um metrô e outro, entre sucos e refrigerantes, entre fotos e observações, entre moambas e presentes. Uma coisa é você passar uma noite na casa de sua amiga, outra totalmente diferente é você morar com ela durante 5 dias. Se o amor não morrer é porque é pra valer. E esse é o nosso caso! A nossa diferença é o que nos une, só pode. Obrigada pela companhia, sis! Posso dizer que já encontrei uma super promoção para nossa próxima viagem? (:

amo you,sápreta! ♥

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acho que desaprendi o jeito de escrever. me esqueci como se faz para conjugar os verbos e escrever com coerência. logo eu, que sempre gostei de escrever, na verdade era a única coisa que eu sabia fazer. no começo eu entrei em pânico, pensando que agora não me restava nada além de lamúrias e sofrimentos acumulados dentro de minha pessoa. os dias se passaram e eu cheguei até aqui, mais viva do que antes. porque tenho vivido ao invés de escrever. ando sentindo ao invés de imaginar. o que não cancela a minha saudade pelas letras. é como dizem: não se pode ter tudo, no meio disso eu me perdi daqui e me encontrei ali.