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Desde que aprendi a juntar as sílabas e formar frases, gosto de escrever cartas/cartões/bilhetes/lembretes/e-coisas-do-tipo. Gosto também de desenhar junto com as palavras, apesar de só fazer bonecos-palitos e borboletas. E o melhor é juntar tudo e oferecer pra alguém, mesmo que esse alguém seja um anônimo na sua vida.
Tempos atrás, eu escrevi em alguns post-it e sai colando pelo meu trajeto até o ponto de ônibus. Se algum teve um destinatário ou se algum foi guardado, eu não sei. Mas, não fiz esperando recompensa ou agradecimento, porque não coloquei meu cpf e muito menos o meu username de twitter.
Hoje, eu resolvi rabiscar a porta do coletivo onde eu estava, aos olhos de alguns isso é vandalismo e crime, aos meus olhos isso é só uma forma de fazer alguém sorrir, mesmo que seja por pensar que eu sou uma sem-o-que-fazer-que-rabisca-a-porta-do-coletivo.
Acho que todos os meus amigos já receberam ou vão receber um papel rabiscado por mim. Um deles inclusive carrega um lembrete meu na carteira e a outra leva uma carta dentro da agenda. Gosto disso, gosto de ser lembrada e gosto de lembrar de alguém. Escrever pensando em alguém e mesmo que esse alguém não saiba.
Tenho o costume de dizer que as melhores cartas são as que nunca serão entregues e reafirmo isso. São em cartas assim que nós abrimos o coração de verdade, que confessamos os nossos desejos e jogamos para o vento o nosso real sentimento com relação àquele relacionamento. O que não quer dizer que as cartas que enviamos/entregamos sejam falsas ou forjadas, mas nelas as verdades são melhores elaboradas.
Você já experimentou mandar uma carta sem fazer um rascunho antes?! Já provou do gosto de guardar em um papel um sentimento e confiar esse papel a outro ser humano?!
Dedique um tempo do seu tempo pra alguém, nem que seja pra desenhar um sol num formato de um ovo ou então uma estrada sem chão.
# Forme palavras e as junte com verbos.