in for túnel.


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não direi que o chão se abriu, pois o mesmo já nem existia. dizem que desgraça pouca é bobagem, por isso sinto que minha vida é uma avalanche atrás da outra e o que me resta são breves intervalos para recuperar o fôlego. eu já cheguei até cogitar que não sei ser feliz, estou sempre alerta para o próximo baque e isso não é pessimismo é só a minha realidade. talvez seja pra combinar com a minha áurea melancólica, que se agarra em qualquer bote de sofrimento. autossabotagem sempre foi uma especialidade da casa, mas parece que a cada fase eu me torno mais especialista no assunto. os alertas de gatilhos são convites irrecusáveis, mesmo sabendo que irei sentir a alma se despedaçar mais um pouco, eu aceito. será que é porque me sinto acolhida na desgraça alheia? àquela coisa de se sentir pertencente, mesmo que seja no clube-dos-fodidos-ponto-com. a barragem de fio de palha que segurava todas as minhas lágrimas foi rompida, não existe saco lacrimal que seja capaz de conter toda comitiva de sentimentos que me transbordam. é cansaço. é desilusão. é recomeço. é revolta. é desânimo. é saudade. é esperança. é amor. é ansiedade. é alegria. é vergonha. é inveja. é tédio. (é tantos outros que já deu pra entender, né mesmo?). não é a primeira constatação e nem será a última. enquanto houver fôlego irei seguir a trilha das desgraças existências e sei que não estarei só.

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