bate forte o tambor.



.
ao final de cada dia olhamos pro céu a procura de uma nuvem. queremos amenizar as ardências da pele e da alma. fazemos dança e usamos tambores, na ilusão de que o convite foi bem feito. ansiamos por um vento fresco, que nenhum eletrodoméstico pode reproduzir. não queremos só adivinhar formas, queremos que as nuvens alterem sua coloração e façam milagre em forma de gotas. deixamos de lado a preocupação com a roupa do varal ou com a ameaça de virose. queremos molhar nossa carne, rasgar o peito até o coração ser lavado. nos deixamos entorpecer com o cheiro de terra molhada, que nos remete as purificações anteriores. 

Um comentário:

Lascaux disse...

Adorei. Sempre estamos à espera da chuva pra vir lavar nossa alma ☺️☺️